quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

1229 BROUSSAIS a crítica da antiga Psicologia metafísica do estudo da alma imortal

DEZEMBRO 29. BROUSSAIS: a doença é a alteração de intensidade dos fenômenos

BROUSSAIS
François-Joseph-Victor Broussais
(nasceu em 1772, em Saint-Malo, França; morreu em 1838, em Paris)

MÉDICO E FILÓSOFO FRANCÊS FISIOLOGISTA INOVADOR
FILOSOFIA DA HISTÓRIA.
Este Calendário Filosófico tornou-se um  CURSO DE FILOSOFIA DA HISTÓRIA, por meio da pesquisa inteligente da evolução social pela análise dos anais da história. Observações específicas completam o conhecimento da Filosofia geral, na arte, na tecnologia e na teoria política aplicada.
O Calendário Histórico mostra a espontânea, oscilante, irregular, mas contínua evolução cultural em todos os aspectos da sociedade, no aspecto afetivo, intelectual e prático. O que é feito por meio pelo estudo das maiores figuras humanas. Assim os princípios científicos são demonstrados e comprovados por sua observação e fundamentação empírica nos registros históricos.
Indica o calendário a maravilhosa faculdade criadora da sociedade para o melhoramento da vida humana. Tanto antes como depois do fim do feudalismo da guerra de defesa e do fim do poder político do papa e da religião medieval. É devido ao desenvolvimento enciclopédico do conhecimento laico que prepara a nova civilização pacífica e industrial moderna. São os cientistas da nova civilização, pensadores que antes eram teólogos e metafísicos e passam ao saber firme comprovado, isto é, ao saber positivo teórico puro e aplicado sobre o mundo e sobre o próprio homem. A sabedoria passou a ter como referência o bem da sociedade, um ponto de vista humanista. A referência passou a ser a lei dos homens e não mais a lei dos deuses, dos livros sagrados.
Deve-se notar que os maiores progressos da ciência feitos na modernidade foram nas teorias abstratas puras, isto é, relativas aos fenômenos e não aos seres. Foi a descoberta das leis abstratas imutáveis dos fenômenos no meio da permanente mudança da variável realidade concreta dos seres.

ESTA SEMANA apresenta a Biologia em Harvey e nos seus sucessores.
Encontram-se Boerhaave e Sthal, os chefes respectivos da escola mecânica e da escola espiritualista em Biologia.
Lineu e Bernard Jussieu lembram os principais problemas em relação às classificações dos seres vivos. Lamarck e Blainville que alargaram o horizonte do Método Comparativo nos fenômenos da vida.
Broussais, que fez a integração da Patologia na Fisiologia. Gall preside esta semana como o primeiro investigador do grande problema biológico das funções cerebrais, que faz a passagem da ciência abstrata dos seres vivos para as Ciências Humanas puras, isto é, abstratas da Sociologia e da Psicologia propostas por Augusto Comte. O chefe da semana é Gall, que a encerra.

Ver em 1203 01 dezembro 03, o QUADRO DO MÊS DE BICHAT  A Ciência Moderna com os grandes nomes representativos da evolução social da ciência.


BROUSSAIS nasceu em 1772 em Saint-Malo. Seu pai exercia a medicina nessa cidade e colocou seu filho para estudar num curso clássico no Collège de Dinan e depois para fazer o curso de Medicina. Broussais se tornou cirurgião militar na Marinha da França por vários anos.
Em 1800 foi para Paris, fez o doutorado em Medicina com François Bichat. Sua tese sobre a febre indica logo sua forma doutrinária característica, de que essa doença era uma função modificada de um órgão definido. Broussais fez parte do serviço médico da marinha francesa em grande parte das guerras que se seguiram.
Apesar das suas ocupações profissionais, ele achou tempo para compor sua obra principal, Histoire des phlegmasies chroniques, publicada em 1808. Depois da guerra Broussais foi nomeado professor do hospital militar do Val-de-Grâce. Tornou-se membro da Academia de Medicina, fundada em 1823 e professor de Patologia e de Terapêutica na Faculdade de Medicina em 1831. Ele trabalhou com ardor até pouco antes de sua morte, em 1838. Em seus últimos anos de vida adotou as concepções de Gall sobre a localização das emoções e da inteligência nas localizações feitas no cérebro.
As duas importantes contribuições de Broussais ao conhecimento da Biologia em sua época se referem à conceituação da doença como simples modificação, por excesso ou por falta de uma função normal e a correlação dessa função alterada com um órgão ou tecido definido. Essa participação no progresso da ciência corresponde à libertação da medicina da crença em figuras de retórica, de entidades não observáveis, como entidades metafísicas.
Broussais apresentou uma teoria geral da vida normal estendida à patologia. Desde então, doença e saúde deixaram de ser consideradas como radicalmente separadas uma da outra; as diferenças entre as duas sendo reconhecidas como diferenças apenas no grau de intensidade no fenômeno que produz a doença, a natureza dele permanecendo sem alteração.
Em seu Traité sur l'irritation et sur la folie, Tratado sobre a irritação e sobre a loucura, de 1828, ele faz a crítica da antiga Psicologia então em grande divulgação. A Psicologia era mostrada como independente da Biologia, sendo definida como o estudo dos fenômenos espirituais, da alma divina. Os fenômenos, sendo metafísicos, não dependiam do funcionamento do corpo material. Essa Psicologia era trazida pela metafísica alemã, tratando dos problemas da alma imortal, lugar imaterial das funções cerebrais. Broussais fez enérgica denuncia contra o método específico dessa teoria, o método da introspecção, que consistia na observação do paciente por ele mesmo, hoje completamente abandonado.
Diz Broussais a respeito da investigação pela introspecção: “Se eles tomam todas essas sensações interiores por outras tantas revelações da divindade, a que chamam de Consciência, podem aumentar sua riqueza, ingerindo, à maneira dos orientais, certa dose de ópio combinada com aromáticos”.
Broussais foi um dos ardentes adversários das doutrinas psicológicas metafísicas e das teorias espiritualistas.

AMANHÃ: Pelo estudo do cérebro ele inovou fazendo da Psicologia moderna a mais importante ciência positiva: Franz Gall.

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