02 DE AGOSTO:
Chateaubriand: descreve os heróis da fé na luta contra os vícios
CHATEAUBRIAND
François-Auguste-René de Chateaubriand, Visconde de Chateaubriand
(nasceu em 1768 em Saint-Malo,
França, morreu em 1848 em Paris)
MODERNO ESTADISTA
E ESCRITOR ROMÂNTICO DA CAVALARIA E DA CULTURA MEDIEVAL
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A Idade Média promoveu a liberdade do povo trabalhador, com a
indústria e o comércio livre, com a sistematização do sistema capitalista de
liberdade civil. A civilização moderna, após o fim da civilização medieval,
com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade
na atividade humana. A secularização fez a saída do ensino e das artes de
dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se
libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia.
Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução sem a unanimidade cristã da Idade
Média. É a passagem de uma civilização
medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e
industrial.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico aos poucos se afastando da religião, apesar do
clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações
artísticas.
Nesta terceira semana o tipo
destacado como chefe de semana é Tasso. Ele tem seu dia no domingo, último dia
da semana. Aqui é relembrada a criação da poesia do espírito cavalheiresco
medieval, à idealização das virtudes da cavalaria e aos romances de aventura.
Ver em 0716 01 C O
QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com grandes tipos humanos do mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
RENÉ DE CHATEAUBRIAND (1768-1848) nasceu de família nobre em
Saint-Malo, Bretanha, na França. Depois de uma juventude de sonhos, só com a
visão das cenas românticas das praias da Bretanha, ele entrou para o exército.
Foi recebido na corte do rei nos últimos dias da monarquia francesa.
Logo testemunhou os primeiros atos da revolução francesa e,
desgostoso com o que viu, partiu para a América. Lá ele foi bem recebido pelo
presidente George Washington. Procurou conhecer os índios americanos, que mais
tarde iria descrever, voltando para a França depois da fuga do rei, indo se
juntar aos emigrantes no rio Reno. Ferido, doente e sem dinheiro, passou vários
anos de pobreza extrema na Inglaterra. Foi ali que a morte de sua mãe e de sua
irmã em 1798 despertou seu remorso em ser racionalista e motivou a sua volta à
religião católica tradicional.
Então ele começou a escrever sua obra GENIE DU CHRISTRIANISME, que
publicou em 1802 depois de voltar para a França. No ano anterior ele havia
publicado ATALA, que já lhe dera alta reputação como escritor.
Chateaubriand estava plenamente convencido, a partir dessa hora,
que ele mesmo era uma nova força no mundo. Fez o plano de sua obra OS MÁRTIRES
ali colocando os heróis da fé cristã como oponentes aos vícios do politeísmo
pagão da antiguidade. Apesar da incoerência do plano e os anacronismos, OS
MÁRTIRES tiveram um efeito forte sobre o público, dando uma vida nova à
religião cristã, perseguida pela revolução francesa. O livro mostra o lado
poético do renascimento católico, para que De Maistre tinha dado a inspiração
filosófica. OS MÁRTIRES foram publicados em 1809, quando o poeta voltou de suas
viagens à Grécia, à Palestina, Ásia-Menor, África e à Espanha.
Napoleão nomeou Chateaubriand como diplomata e, na restauração da
monarquia, o nomeou embaixador em Berlim e em Londres. O caráter
difícil do poeta e seu espírito visionário o colocavam constantemente na
oposição ao governo. Sua carreira e seus escritos políticos levaram o escritor
sempre a cargos de menor valor. Ele passou seus últimos dias de vida em
isolamento profundo, morrendo aos 80 anos, em 1848. Ele repousa na sua cidade
natal de Saint-Malo, numa tumba romântica, posta sobre os rochedos batidos
pelas ondas do oceano.
Chateaubriand ocupa um lugar privilegiado na França, como sendo o
primeiro a fazer o reavivamento da paixão pelas tradições cavalheirescas e
católicas. Na França ele fez o mesmo que Walter Scott gloriosamente realizou na
Inglaterra com seus romances históricos. Ele nos faz recordar com admiração
pelos nossos heróicos, pios, religiosos cavalheirescos ancestrais.
A obra O GÊNIO DO CRISTIANISMO foi escrito quando o autor fez a
conciliação do seu conflito entre a religião e o racionalismo científico. É uma
obra de elogio do catolicismo, com a qual ganhou vantagens com os conservadores
realistas e com Napoleão. No entanto tem uma fraqueza teológica e filosófica,
em mistura com elogios pouco lógicos. Mas sua afirmação da superioridade moral
do cristianismo, com base em seu apelo poético e artístico, tornou-se uma
inesgotável fonte para os escritores românticos. Com isso, ele renovou a
apreciação e o gosto pela arquitetura gótica das igrejas e da arte sacra em
geral.
O pequeno livro O ÚLTIMO DOS ABENCERRAGES, com suas pequenas
dimensões, é um belo espécime do verdadeiro romance histórico. O livro OS
MÁRTIRES é uma possante pintura do heroísmo religioso. Tanto o ÚLTIMO DOS
ABENCERRAGES como OS MÁRTIRES são de leitura poética aconselhada até nossos
dias.
Chateaubriand é considerado como o grande poeta do romance de
cavalaria da Idade Média. Ele faz parte da elite social que promove a formação
da opinião na modernidade, no papel que pertencia aos sacerdotes das religiões
antigas. Os novos formadores de opinião produzem e alargam a secularização da
cultura ocorrida com o fim do feudalismo medieval e da unanimidade européia de sua
religião, dando lugar à nova sociedade industrial moderna de nossos dias.
AMANHÃ: O maior gênio poético de seu século:
Walter Scott.
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