06 DE MARÇO: Xenofanes: A incapacidade de conhecer o absoluto.
XENOFANES
Xenophanes
(nasceu cerca do ano 580 antes da nossa era, em Colophon, Jônia; morreu cerca do ano 500)
FILÓSOFO, POETA, REFORMADOR RELIGIOSO
A evolução intelectual da sociedade libertada do regime da Teocracia oriental, iniciando a aplicação da ciência pura abstrata à vida humana.
Pela primeira vez na sociedade humana no mundo acontece nas cidades da Grécia Antiga pensadores dedicarem sua vida a pesquisar o homem e o mundo. Isto é, encontrar os fatos gerais e princípios que governam tudo que nos envolve. Mas a explicação não se baseou na vontade arbitrária dos deuses, mas foi feita usando a observação dos fatos. Antes a observação se destinava a conhecer a vontade dos seus poderosos deuses.
Do século 7º ao 5º antes da nossa era homens como Tales, Anaximandro, Heráclito, Demócrito se consagraram a fazer o universo explicado aos humanos. Eles expuseram a filosofia e criaram a ciência como duas forças novas para o progresso da humanidade.
A criação dos sábios gregos apresenta duas fases: a primeira, de Tales a Aristóteles estudou a filosofia unida à ciência. A segunda fase se deu depois de Aristóteles em diante desenvolvendo a ciência separada da filosofia.
A segunda semana deste mês de Aristóteles mostra os pensadores no desenvolvimento da ciência na Geometria. Muitos estudiosos procuram aplicar os princípios científicos na política na moral e na vida social. Pitágoras e sua escola pitagórica representam esses ideais e sua aplicação. Eram pretensões precoces para tornar a filosofia completamente científica.
Nesta segunda semana se mostram os ideais dos antigos gregos aspirando organizar toda a vida humana com base nas ciências. Ideais colocados por Pitágoras tendo por base a Matemática.
A semana termina no domingo dedicado a Pitágoras, o chefe da semana.
Ver o Quadro 0226 do Mês de Aristóteles postado em 25 e fevereiro.
XENOFANES saiu da Jônia para a Itália, como fez Pitágoras, seu contemporâneo. Nasceu em Colophon perto de Êfeso e se estabeleceu por fim na colônia da Eléa no golfo de Posidonia.
Os pensamentos de Xenofanes foram feitos em versos e somente alguns fragmentos chegaram até nós. Tanto como podemos julgar, eles foram um protesto indignado contra o antropomorfismo do politeísmo que faziam os deuses à semelhança dos homens, ao mesmo tempo em que era uma tentativa para dar ao culto religioso uma forma mais pura.
Xenofanes dizia que
“Os homens são bastante loucos para acreditar que os deuses nasceram como eles nascem, que usam também roupas, que têm sua voz e sua imagem. Mas se os animais pudessem formar uma idéia dos deuses, os cavalos os fariam semelhantes a cavalos e os bois fariam seus deuses à sua própria imagem. Não há um só deus, acima dos deuses e dos mortais, que não pareça em nada nem pelo corpo nem pelo pensamento com os seres humanos”;
Aristóteles disse que Xenofanes foi o primeiro pensador que considerou o universo como um todo:
“observando a abóbada dos céus ele declarou que o conjunto do universo era deus.”
Profundamente convencido da incapacidade ou estado do homem de chegar ao conhecimento absoluto, ele disse:
“Ninguém disse nada de claro sobre os deuses ou sobre o universo; mesmo quando diz a verdade, ignora se disse a verdade; tudo é questão de opinião. As diferentes vistas do homem quanto aos fenômenos que se passam em torno dele, são relativas às suas próprias faculdades e não são a expressão de um conhecimento absoluto”.
O conhecimento absoluto era procurado pela filosofia antiga, por meio do saber das causas primeiras e dos primeiros princípios. A Metafísica antiga era definida como o estudo dessas primeiras causas e princípios. O saber absoluto não é dependente, mas tudo dependeria dele. Seria o saber divino, de deuses de saber eterno, que nunca mudaria. A divindade não depende de outro poder. É o único poder absoluto.
Em oposição ao absoluto, o saber relativo depende das condições para sua realização. O poder de um motor elétrico depende de fatores como suas peças, de seu enrolamento, da alimentação de corrente elétrica. Todo saber científico depende de condições, de fatores determinantes. Por exemplo, o fenômeno vida depende da assimilação e desassimilação com o meio ambiente. Depende de fenômenos químicos, depende da temperatura ambiente, depende da atração terrestre, de todos os fenômenos mais simples. O filósofo francês Augusto Comte (1798-1857) afirma que “que tudo é relativo; esse é o único conhecimento absoluto”. Ou seja, que somente essa regra relativa é eterna, que não muda, da ausência do absoluto.
O principal discípulo de Xenofanes foi Parmênides, que estabeleceu a distinção entre a existência absoluta inacessível e o estudo dos fenômenos múltiplos e em mudança com uma força e detalhe mais amplos do que seu mestre tinha feito.
AMANHÃ: Empédocles e a metempsicose.
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