02 DE FEVEREIRO. Sófocles: o grande poeta trágico.
SÓFOCLES
Sophocles
(nasceu cerca de 496 antes de nossa era, em Colonus, Atenas, Grécia; morreu em 406, em Atenas)
POETA ATENIENSE ENTRE OS MAIORES ESCRITORES DA TRAGÉDIA GREGA
Menor poder da religião.
Na Grécia a arte coordenou a política num período histórico crítico. Nessa época foi eliminado o total poder político e mental da casta hereditária e secreta dos sacerdotes das teocracias.
A arte gera emoções, cria visões de progresso, visões do futuro.
A arte tem, desse modo, certo poder de antever o progresso, de criar novos ideais. É um poder profético natural, criado por humanos. Mas não é a profecia sobrenatural mágica, dos antigos.
Nesta semana são consagrados os poetas líricos e trágicos da Grécia, num período de mais de 1300 anos. A semana tem como chefe Ésquilo, que a termina.
SÓFOCLES era filho de Sophillus, um rico fabricante de armaduras de guerra. Nasceu em Colonus Hippius , uma vila na vizinhança de Atenas e recebeu a melhor educação aristocrata tradicional.
A longa vida do grande poeta dramático de Atenas compreende todo o período da glória de sua cidade. Ele viu as guerras contra a Pérsia e viu toda a carreira de Temístocles, de Cimon, Péricles e Nícias. Em sua vida ele viu surgir a perfeição em todas as artes, o desenvolver da poesia e das artes da forma. Ele viu a obra dos grandes atenienses, de Aristides até Platão. Ele nasceu em 496, seis anos antes da batalha de Maratona e dezesseis anos antes da batalha de Salamina. Sófocles morreu pouco antes do fim desastroso da guerra do Peloponeso. Ele era de uma geração mais jovem do que Ésquilo e um pouco mais velho do que Eurípides.
Na celebração da vitória de Salamina ele foi escolhido para conduzir o grande coro com a sua lira, embora só tivesse 16 anos de idade. Quando tinha vinte e oito anos ele venceu Ésquilo num concurso memorável. Desde então, até sua morte, mais de 60 anos depois, ele continuou a produzir mais de 100 peças teatrais e ganhou vinte vezes os prêmios oferecidos em concursos.
Sófocles marca a passagem do drama como instituição religiosa para o drama como obra puramente artística. Ele realizou um grande progresso colocando um terceiro personagem aos dois que havia nas peças de Ésquilo. Essa complementação deu maior desenvolvimento ao ideal do drama. A intriga e a evolução do caráter e das situações nas suas peças são, no ponto de vista da arte de representar, um grande progresso sobre as concepções mais simples de Ésquilo.
Além da trilogia, Sófocles fez em cada uma de suas peças dramáticas um estudo muito complicado e muito refinado do caráter em ação. É por essa forma de compor que ele foi considerado por seus contemporâneos em Atenas e por todos os antigos, como o mais perfeito dos poetas trágicos. Aristóteles considerou a tragédia do Édipo Rei como o tipo da verdadeira peça teatral, do drama. E até nossos dias, essa obra de Sófocles é, em todos os pontos de vista, a obra prima da tragédia grega. Como obra de arte consumada é a tragédia mais perfeita que existe.
As sete peças de Sófocles que nos são conhecidas são modelos de habilidade superior na descrição dos personagens e da combinação de situações trágicas. Mas o poeta não é mais, como na trilogia, o herói, o profeta e o pregador religioso; ele passou a ser apenas o artista sem mancha, sem mácula.
Os antigos e os modernos estão de acordo em reconhecer a beleza completa de Sófocles como poeta, seu sentimento impecável da verdade e da simetria, a nobreza e a dignidade de sua maneira, a posse rara de si mesmo e de todos os seus recursos no palco. Quanto à forma ele não foi suplantado por nenhum outro dramaturgo.
Aos 90 anos Sófocles morreu, pouco antes da derrota de seu país, tendo sido um modelo da alta cultura ateniense e de ser um modelo de perfeição levada ao seu mais alto ponto. Sua fama o colocou como o tipo de doçura e de luz como era o ideal da idade de ouro de Atenas, como o homem de calmo temperamento, de graça extrema e de um perfeito equilíbrio de personalidade.
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